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Coronel Fabriciano, 23 de novembro de 2024
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Uma data notável para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2023 a entidade celebra a edição de número 60 das suas assembleias gerais, iniciadas em agosto de 1953, em Belém (PA), simultaneamente ao VI Congresso Eucarístico Nacional.
Nas palavras do arcebispo emérito de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da conferência entre 2009 e 2011, uma longa história marcada pelo clima de ação de graças. “Uma bênção de Deus para a Igreja do Brasil. É um momento bonito, principalmente na expressão da comunhão eclesial”.
Dom Geraldo Lyrio, que participa desde a 23ª edição, em 1985, destaca que a assembleia geral é o evento mais significativo da Igreja no Brasil, porque nela se definem as linhas comuns da ação da Igreja no país. Para isso, os bispos não olham apenas para dentro da Igreja, “mas mantém também os olhos abertos para o mundo, para a realidade, especialmente para a realidade nacional. Uma Igreja voltada para o mundo”, explica.
Nesses anos, mudou a fisionomia da conferência, o modo de tratar as questões, os meios, que foram aperfeiçoados e facilitam o trabalho, fala dom Geraldo. “[Mudaram] coisas acidentais. E o que permanece: o essencial. Há uma linha condutora que marca todas as assembleias, e que se chama comunhão eclesial”, continua.
Por isso, na visão de dom Geraldo Lyrio, a Igreja em saída é a característica mais marcante da assembleia. “Olhos voltados para a nossa realidade, olhos voltados para o contexto social, político, econômico do nosso país. Olhos voltados para a realidade de nossas famílias, para a juventude, para as classes dirigentes, para as classes trabalhadoras. Olhos voltados para os povos indígenas, para os negros, para os afrodescendentes de modo geral.” Enfim: “olhos voltados para a vida. Para a vida concreta e como ela vai se desenrolando no momento atual”.
Por isso, desde a primeira assembleia, em 1953, que tratou sobre a responsabilidade em face da imigração, os bispos tem o cuidado pastoral dos de escolherem temas de importância para as comunidades do país. Um olhar que não é apenas de uma espécie de associação, e sim dos sucessores dos apóstolos no Brasil. “Esta assembleia é muito peculiar, porque é no clima de fé que nós nos encontramos. Marcados pela esperança de vermos a Igreja no Brasil realizando sempre de modo cada vez melhor a sua própria missão, e num clima de amor fraterno e comunhão que deve sempre caracterizar o encontro entre os pastores.”
A assembleia reúne todos os membros da conferência, ou seja, todos os bispos que estão na ativa, tanto titular como auxiliares. Podem ser convidados os bispos eméritos e bispos não-membros da entidade, de qualquer rito, mas em comunhão com a Santa Sé com residência no Brasil.
Depois de 1953, as assembleias foram realizadas em cidades diferentes, seis capitais brasileiras e no Distrito Federal, e em Roma, durante os trabalhos do Concílio Vaticano II. A partir da 14ª, os bispos passaram a se reunir no Mosteiro de Itaici, município de Indaiatuba (SP). E a partir da 49ª edição, em 2011, são realizadas no Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP).
“No casarão da Vila Kostka [em Itaici], os jesuítas sempre nos acolheram com espírito eclesial e nos serviram com dedicação e amor. Acertada foi a decisão de virmos nos reunir aos pés da Padroeira do Brasil. Acolhidos sob seu manto materno, experimentaremos o fervor dos romeiros que acorrem ao Santuário Nacional, e aqui poderemos vivenciar experiência semelhante à dos Apóstolos que, com Maria, mãe de Jesus, estavam reunidos no cenáculo de Jerusalém aguardando a vinda do Paráclito”, falou dom Geraldo Lyrio Rocha na abertura da 49ª Assembleia Geral.
Marcando o jubileu do ano 2000, a 38ª assembleia foi realizada em Porto Seguro, berço do descobrimento do Brasil em 1500. Ao final, os bispos enviaram uma carta ao povo intitulada “Brasil – 500 anos: Diálogo e Esperança”. Na carta, os prelados recordaram o passado e a ação dos missionários que iluminaram esta terra com valores cristãos. Abordaram a situação da época, tocando nos efeitos negativos da globalização, o aumento da violência e a permissividade moral. Por outro lado, expressaram as virtudes do nosso povo, que sabe acolher, ser solidário e enfrentar as vicissitudes quotidianas.
A mensagem também convida a um olhar para os tempos futuros, destacando que compete à Igreja colaborar com as demais forças vivas da sociedade, para que todos tenham vida digna. Na parte final, os bispos convocam as comunidades a renovar a esperança em Jesus Cristo, presente no meio de nós, e a assumir, com ardor, a nova evangelização, à luz da exortação apostólica “Igreja na América”. Em sintonia com o pontífice da época, Papa São João Paulo II, incentivam os cristãos a um encontro com Cristo, caminho de conversão e santidade, de comunhão fraterna, solidariedade e zelo missionário e diálogo ecumênico e inter-religioso.
No início de maio de 2007, a 45ª assembleia foi em vista da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada em Aparecida, de 13 a 31 de maio de 2007. Inaugurada pelo Papa Bento XVI, a Conferência de Aparecida recorda que “os discípulos, que por essência são também missionários em virtude do Batismo e da Confirmação, são formados com um coração universal, aberto a todas as culturas e a todas as verdades, cultivando a capacidade de contato humano e de diálogo” (DAp 377).
Destaque para a participação do Cardeal Jorge Mario Bergoglio, Arcebispo de Bueno Aires, hoje Papa Francisco. Desde a fundação da CNBB, há 70 anos, e a realização de 60 Assembleias Gerais, o Brasil recebeu a visita de três Papas: João Paulo II (1980, 1991, 1997); Bento XVI (2007) e Francisco (2013).
Dentre os momentos históricos da Assembleia Geral, em 2021 aconteceu a primeira assembleia virtual, em razão da pandemia de COVID-19. Em 2020 a reunião não aconteceu. “A 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entrou para a história como a primeira a ser realizada totalmente de forma virtual, numa plataforma on-line”, descreveu o site da conferência. “Os bispos conectados de Norte a Sul do Brasil, enfrentando as dificuldades com sistemas e a rede, encarando as novidades impostas pelos tempos de pandemia, mas no desejo de aumentar o espírito fraterno e a unidade na diversidade em vista do anúncio de Jesus Cristo”, descreveu.
O tema central deste ano é a avaliação global da caminhada da CNBB nos últimos quatro anos. Ao encerrar o quadriênio iniciado em 2019, a atual presidência apresenta o relatório das atividades realizadas e encaminha as eleições dos seus novos membros (presidente, 1º e 2º vice-presidentes e secretário-geral) e dos presidentes das 12 Comissões Episcopais Permanentes.
Dom Geraldo Lyrio recorda que, a assembleia mesmo sendo eletiva e com um episcopado numeroso, é conduzida no clima de comunhão eclesial, diálogo, compreensão e fraternidade. “Não está em jogo interesse particular de ninguém, o que está na mira de todos nós é o bem da Igreja. Isso faz a diferença, e grande diferença!”, destaca.
Manter a comunhão na diversidade é a marca registrada da CNBB ao longo da sua história e ao longo do período de realização das 60 assembleias, fala dom Geraldo. “Esta deve ser sempre a característica de todas as iniciativas na vida da Igreja, manter a comunhão na diversidade, na liberdade, mas sem romper a caridade”, finaliza dom Geraldo.
A 60ª AGCNBB faz memória desta data com duas exposições sobre a história das assembleias. Uma no saguão do Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, no Santuário, e outra no subsolo, onde os bispos fazem o lanche no intervalo das sessões. Depois de encerrada a assembleia, a exposição ficará no Santuário Nacional.
Por Juliana Mastelini (Assessora de Londrina - PR) - Comunicação 60ª AG CNBB.
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