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Coronel Fabriciano, 09 de outubro de 2024
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Por ocasião da memória litúrgica do Beato João Paulo I, a postulação para a causa de canonização divulga a nova oração composta para implorar a intercessão do Beato e pedir sua canonização. Em 26 de agosto de 1978, João Paulo I foi eleito sucessor de Pedro.
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Hoje, 26 de agosto, celebra-se a memória litúrgica do Beato João Paulo I – Albino Luciani (1912-1978). Beatificado em 4 de setembro de 2022 na Praça São Pedro pelo Papa Francisco, a memória do Beato João Paulo I é celebrada no dia de sua eleição ao pontificado. Após um conclave rapidíssimo, que durou apenas vinte e seis horas, com um consenso quase plebiscitário, em 26 de agosto de 1978, Albino Luciani subiu ao trono de Pedro. Ou melhor, ele desceu, como Servus servorum Dei (servo dos servos de Deus), abaixando-se ao vértice da autoridade, que é o serviço desejado por Cristo, já que na agenda pessoal do pontificado ele assinava, ao final, com estas palavras: «Servos, não senhores da Verdade». O exato momento de sua eleição como Bispo de Roma foi lembrado pelo cardeal argentino Eduardo Francisco Pironio da seguinte forma: «Eu estava bem na frente dele e o observava. E estávamos todos os cardeais à espera do seu sim. Seu sim a Cristo, um sim à Igreja como servo, um sim à humanidade como bom pastor. Eu o vi com uma serenidade profunda, que provinha de uma interioridade que não se improvisa». Por ocasião de sua memória, a postulação divulga hoje a nova oração composta para implorar a intercessão do Beato e pedir sua canonização:
Beato João Paulo I,
tu que, com a palavra e o exemplo, nos ensinaste a viver a graça do Batismo e o dom da fé, da esperança e da caridade;
tu que foste modelo de simplicidade evangélica e nos indicaste a sabedoria da humildade;
tu que, como Pontífice, te fizeste próximo de todos e, como mensageiro da Boa Nova, manifestaste amor pelos pobres e testemunhaste a misericórdia eterna de Deus, que é pai, e mais ainda, é mãe;
tu que perseguiste a unidade, o diálogo e a paz, seguindo Cristo, Príncipe da Paz;
reza pela Igreja que tanto amaste e serviste, reza por nós, teus filhos, e concede-nos do Senhor a graça de te seguir no caminho das virtudes e das Bem-aventuranças.
Concede-nos agora, Senhor, pela intercessão do Beato João Paulo I, a graça que com fé Te imploramos…
E, se essa for a Tua vontade, permite que ele seja canonizado para a glória do Teu nome e para o bem da Tua Igreja.
Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
IMPRIMATUR OFFICIUM POSTULATORIS
No encargo «único e singular da Cátedra Romana “que preside à caridade universal”», o pontificado de Albino Luciani começou em 26 de agosto de 1978 com gestos que testemunhavam a firme vontade de redescobrir a dimensão essencialmente pastoral do ofício papal. Entre esses gestos, é notável que a primeira decisão tomada logo após sua eleição tenha sido a de não abrir imediatamente o Conclave, convidando os cardeais mais idosos que ficaram de fora a ouvirem, junto com o restante do Colégio, sua primeira mensagem ao mundo. Naquela mensagem Urbi et Orbi, pronunciada em 27 de agosto de 1978, delineava-se com clareza não só o rumo de seu pontificado, mas também seis programáticos «Queremos». «Queremos», nos quais ele repetidamente declarava em todos os sentidos a intenção de continuar a implementação do Concílio Vaticano II, preservando seu legado e evitando desvios. Estes são os seis «queremos» pontuados por João Paulo I: «Queremos continuar na implementação do legado do Concílio Vaticano II, cujas normas sábias ainda precisam ser levadas à conclusão […]. Queremos preservar intacta a grande disciplina da Igreja… tanto no exercício das virtudes evangélicas quanto no serviço aos pobres, humildes, indefesos […]. Queremos lembrar a toda a Igreja que seu primeiro dever continua sendo a evangelização para anunciar a salvação […]. Queremos continuar o compromisso ecumênico… com atenção a tudo o que possa favorecer a união […]. Queremos prosseguir com paciência e firmeza naquele diálogo sereno e construtivo que Paulo VI colocou como base e programa de sua ação pastoral […]. Queremos, finalmente, favorecer todas as iniciativas que possam proteger e promover a paz em um mundo perturbado».
Essas são exatamente as prioridades em pauta de um Pontífice que, com clareza, pretendia trilhar e fez a Igreja avançar pelas principais estradas indicadas pelo Concílio. «Vou explicar. Eu estava no Concílio e assinei em 1962 a mensagem dos Padres ao mundo… Assinei também a Gaudium et spes», afirmou durante a Audiência Geral sobre a esperança em 20 de setembro. «Quando Paulo VI lançou a Populorum progressio, fiquei emocionado, entusiasmado, falei, escrevi. Ainda hoje estou realmente convencido de que nunca se fará o suficiente por parte da hierarquia, do Magistério, para insistir, para recomendar o diálogo sereno e construtivo, os grandes problemas da liberdade, da promoção do desenvolvimento, do progresso social, da justiça e da paz; e os leigos nunca se comprometerão o suficiente para resolver esses problemas». E a afirmação que segue — omitida nas edições oficiais —, embora imediatamente contestada pelas chancelarias, ainda conduz diretamente aos compromissos listados que tecem e caracterizam seu breve pontificado, em particular no que diz respeito à busca pela paz: «Nestes momentos, recebemos um exemplo de Camp David. Anteontem, o Congresso americano irrompeu em aplausos que também ouvimos quando Carter citou as palavras de Jesus: “Bem-aventurados os pacificadores”. Eu realmente espero que esses aplausos e essas palavras entrem no coração de todos os cristãos, especialmente de nós, católicos, e nos tornem verdadeiramente operários e promotores da paz».
Além disso, justamente o incentivo à reconciliação e à fraternidade entre os povos, convidando à colaboração para «a construção, a promoção tão vulnerável da paz em um mundo perturbado» e conter os nacionalismos, assim como, dentro das nações, «a violência que apenas destrói e semeia apenas ruínas» — juntamente com o compromisso ecumênico e inter-religioso, documentado pela intensa agenda de audiências com representantes de Igrejas não católicas —, foi colocado como prioridade no discurso programático de João Paulo I.
O compromisso ecumênico e inter-religioso para a unidade, a fraternidade e a paz permeou todo o mês de seu pontificado. E é significativo que a vontade de favorecer a unidade com as Igrejas irmãs do Oriente, como já na homilia de 3 de setembro, tenha mencionado nos cumprimentos a todo o povo, após os cardeais, os patriarcas das Igrejas orientais, uma menção que foi posteriormente removida do texto oficial.
Em 2 de setembro, ele encontrou em audiências sucessivas na biblioteca privada os delegados de numerosas confissões não católicas que estiveram presentes na celebração de 3 de setembro. O Papa expressou o desejo de continuar o diálogo entre as comunidades cristãs iniciado pelo Concílio e de buscar na oração a unidade desejada por Cristo. Também na manhã de 5 de setembro, dedicou-se às audiências com as delegações das Igrejas e comunidades não católicas reunidas em Roma e, durante essas audiências, morreu repentinamente em seus braços o metropolita da Igreja Ortodoxa Russa Nikodim (1929-1978), metropolita de Leningrado e Novgorod, exarca patriarcal para a Europa Ocidental e presidente do escritório do patriarcado de Moscou para as relações entre as Igrejas ortodoxas e as outras Igrejas.
Essas são perspectivas que retornam também no discurso ao corpo diplomático realizado em 31 de agosto, no qual define a natureza e a peculiaridade da ação diplomática da Santa Sé que nasce de um olhar de fé e se dirige — na esteira «da Constituição conciliar Gaudium et spes, como em tantas mensagens do saudoso Paulo VI» — no caminho da grande diplomacia que muitos frutos deu à Igreja, alimentando-se da caridade. Em continuidade com João XXIII e Paulo VI, João Paulo I ilustra a contribuição que a Igreja pode dar à construção de uma humanidade baseada na fraternidade: tanto ao nível internacional, colaborando na busca das melhores soluções para a paz, a justiça, o desenvolvimento, o desarmamento e a ajuda humanitária, quanto ao nível pastoral, colaborando na formação das consciências dos fiéis e de todos os homens de boa vontade.
Assim, em 4 de setembro, recebendo os mais de cem representantes das missões internacionais, retomou os mesmos temas, destacando como «nosso coração está aberto a todos os povos, a todas as culturas e a todas as raças» e afirmou: «Não temos, certamente, soluções milagrosas para os grandes problemas mundiais, mas podemos oferecer algo muito precioso: um espírito que ajude a resolver esses problemas e os coloque na dimensão essencial, que é a abertura aos valores da caridade universal… para que a Igreja, humilde mensageira do Evangelho a todos os povos da terra, possa contribuir para criar um clima de justiça, fraternidade, solidariedade e esperança sem a qual o mundo não pode viver».
Bastam essas considerações claras e fundamentais pronunciadas há quarenta e cinco anos por um Papa que esteve no Trono de Pedro por 34 dias para refletirmos sobre a urgente atualidade de sua mensagem, que se alinha com a do atual bispo de Roma. E o quão importante foi o gesto de instituir uma Fundação Vaticana dedicada a João Paulo I, para que sua herança teológica, cultural e espiritual possa ser plenamente retomada e estudada.
*Postuladora da causa de canonização de João Paulo I e vice-presidente da Fundação Vaticana João Paulo I.
por Stefania Falasca*
Vatican News